terça-feira, 26 de abril de 2022

SOBRAM EMPREGOS

Você não leu errado. Realmente sobram empregos, mesmo com índices elevados de desemprego (12,4 milhões de brasileiros) e de queda na média salarial no brasileiro (R$ 2.444).

Parece contraditório, mas não é. Só para ilustrar com um exemplo: as startups estão em plena ascensão. Na contramão dos principais indicadores econômicos, empresas inovadoras de tecnologia continuam captando capital estrangeiro em nosso país, com aporte de US$ 9,4 bilhões em 2021, superando com larga folga o recorde de US$ 3,5 bilhões registrados em 2020. No entanto, o ritmo de crescimento e as cifras otimistas esbarram num entrave: o apagão de mão de obra. Mais preocupante ainda é o descompasso. Levaremos dez anos para formar profissionais que o setor precisará em três anos - 420 mil postos de trabalho serão criados até 2024, conforme as projeções da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom).

Os números foram apresentados em artigo brilhante do Cofundador e Head de Engenharia da Remessa Online, Marcio Willian, publicado no último dia 25 pelo jornal o Estado de São Paulo.

Diante dos números e das contradições que vivemos, precisamos extrair dolorosas lições. Se com apagão de mão de obra, as empresas inovadoras de tecnologia receberam investimentos recordes de capital estrangeiro, imaginem se tivéssemos profissionais capacitados para esse mercado?! 

Pagamos um preço muito alto pela falta de investimento em educação e, portanto, desperdiçamos o potencial que temos para o desenvolvimento e consequentemente para o enfrentamento de tantos caos sociais. 

Vejam que nosso problema não é originalmente a pobreza em si, mas o ambiente que favorece o desperdício de talentos, de capacidade e o atraso no progresso, perpetuando um ciclo perigoso que foi agravado pela pandemia.

Por outro lado, se estamos diante de novos desafios, também estamos diante de oportunidades de fazer diferente e colocar em práticas as duras lições que o passado de longa data nos ensina: não há outro caminho que não passe pelo investimento verdadeiro em educação. Não somente o investimento de recursos. Mas em um ensino desde cedo de qualidade, atrativo, que seja decisivo na formação do profissional que o mundo moderno exige e que seja compatível com a necessidade do mercado. Porque pelos números das startups, essas portas estão abertas! É preciso que nossos jovens apenas consigam passar por elas e permanecer!


JORNAL A CIDADE - 5 DE FEVEREIRO DE 2022