terça-feira, 26 de abril de 2022

AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES

Da literatura à dramaturgia, a busca por essa resposta é mais atual e necessária do que nunca, mesmo depois de dois séculos da clássica pergunta feita pelo psicanalista Sigmund Freud. Evidentemente que essa reflexão, seja do ponto de vista individual e cotidiano até às questões macros e complexas, é das mulheres. E para isso, elas precisam ser ouvidas. E para isso, precisamos ouvi-las e, a partir daí, enquanto pais, maridos, líderes, liderados, políticos, nós todos, enquanto sociedade, criarmos condições para que os anseios femininos deixem o campo da meta e se tornem realidade afinal, não são pautas só do dia 8 de março.

Com base nos relatos das mulheres, nas demandas que recebo e nos índices alarmantes de desigualdade (em todos os estados e no Distrito Federal as mulheres recebem remuneração média inferior à dos homens), insisto na necessidade de políticas públicas que as tornem mais independentes e fortalecidas. Aliás, a dependência financeira também está associada ao silêncio nos casos de violência, pois muitas vítimas não denunciam porque dependem economicamente dos seus agressores.

Portanto, quando luto por mais creches, escolas e ensino integral por exemplo, entendo que além de investir na educação das futuras gerações, estamos possibilitando que as mulheres tenham segurança para ter uma carreira (se assim desejarem) e buscar seu próprio sustento. 

Quando um gestor público implanta programas inteligentes e criativos de incentivo ao empreendedorismo, fornecendo crédito e qualificação, está contribuindo na luta pela igualdade entre homens e mulheres que ainda são, em sua maioria, sobrecarregadas em suas jornadas e papeis em detrimento aos homens. Quando empresas adotam políticas internas de valorização das mulheres, não somente em relação a cargos, mas aos salários também, começamos a vislumbrar chances mais reais de redução das diferenças.

Há 90 anos as mulheres conquistavam o direito ao voto. Muitos avanços surgiram desde então, mas não no ritmo que precisamos para enfrentarmos tantos reflexos da desigualdade. 

As mulheres que antecederam as trajetórias de lutas até aqui não se sacrificaram para que outras mulheres sejam, até hoje, vítimas de rótulos, padrões, sobrecarga e violência que tornam o Dia Internacional da Mulher uma data de muito mais reflexão do que comemoração. Essa causa não é só delas. Essa responsabilidade é de todos nós!


JORNAL A CIDADE 5 DE MARÇO DE 2022