A disparada no preço dos combustíveis sacrifica desde o orçamento doméstico até a economia do ponto de vista macro, em seus mais variados índices preocupantes, entre eles a inflação acima dos dois dígitos – 10,38% nos últimos 12 meses.
Ao lado e ligada também aos aumentos sucessivos nos valores dos alimentos, é um dos principais motivos de encolhimento do poder de compra das famílias, de encarecimento dos custos de produtos e serviços e consequentemente todo o efeito dominó que provoca, dificultando qualquer projeção mais otimista de saída desse ciclo e recuperação econômica.
O alerta sobre o impacto dos preços dos combustíveis já havia sido dado, mas somente agora, coincidentemente em ano eleitoral, o Senado parece debruçar com mais ênfase nesta discussão. E ainda assim, mesmo com quatro propostas apresentadas, a votação foi adiada na última quarta-feira.
A demora e a ausência de tomada de decisões por parte do governo contrastam com o avanço do calendário. Já estamos na segunda quinzena de fevereiro de 2022, amargamos os efeitos de mais de dois anos de pandemia e o setor produtivo desse país não suporta mais esperar.
O bolso do trabalhador, o fluxo de caixa das empresas e a saúde financeira dos empreendedores estão no limite. Não há mais condições de ficar aguardando uma eventual redução nos preços do barril do petróleo no mercado internacional ou quedas expressivas do dólar que ajudem a reduzir os preços dos combustíveis nas bombas.
É válida e necessária aprofundar toda a discussão de projetos e ideias, inclusive criação de fundos de estabilidade ou mudanças de parâmetros no cálculo dos preços dos combustíveis praticados pela Petrobrás que tenham reflexos futuros, mas nada substitui a necessidade de o governo cortar na própria carne. É esse o debate sério e urgente que precisa ser feito, reduzindo, sem demagogia, os altos índices tributários que incidem sobre os preços, sem distinção, entre governos federal e estadual. A conta não pode ficar apenas para um ente federativo e muito menos para quem vai abastecer.
Qualquer discussão de preço que não encare a necessidade de revisão tributária é superficial.
JORNAL A CIDADE - 19 DE FEVEREIRO DE 2022