sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

SETOR PRODUTIVO NÃO É COADJUVANTE

 A economia por si só é uma grande fonte de receitas” (Lúcio Aneu Séneca)

 

Embora a economia seja traduzida em gráficos e estatísticas, seu papel social e político é bem mais determinante que a frieza dos números. Vai além da montanha russa do mercado financeiro quando as “bombas” políticas respingam imediatamente nos valores das ações, nos índices das bolsas ou até na paralisação dos investimentos, trazendo consequências drásticas.

Dentre diversas explicações, sem dúvida a principal é que o setor produtivo é a locomotiva do nosso país. O governo não produz. É o empresário que produz, gera impostos, empregos, renda e movimenta a economia. Por isso, não pode ser tratado como coadjuvante na política. Temos que ter essa compreensão muito clara como ponto de partida se quisermos pensar de fato em alternativas para sairmos da crise em que estamos mergulhados.

Não há fórmula mágica. Se o governo não cortar na própria carne, reduzindo a carga tributária e fazendo investimentos para subsidiar o setor produtivo, não haverá outra estratégia sólida para sairmos da estagnação. O resto é só populismo sem efeito contínuo, apenas usando os menos favorecidos para marketing eleitoreiro.

Voltando ao foco propositivo deste artigo, no Estado de São Paulo, o governo implantou o parcelamento de dívidas do ICMS para setores impactados pela restrição de funcionamento e a isenção do tributo para alguns segmentos. Mas é uma ação tímida, que deveria abranger mais setores.

A receita prevista para esse ano no Estado de São Paulo é de R$ 286,7 bilhões - a maior da história paulista - e 17% acima do estimado para 2021. Portanto, há recursos para ampliar o potencial do Desenvolve SP, que é uma iniciativa louvável, mas com investimentos ainda pífios.

No Japão, vale lembrar, a alternativa para enfrentar os impactos da Segunda Guerra Mundial foi através de bancos de desenvolvimento fazendo empréstimos a juros baixos para empresários. Na Alemanha não foi diferente.

Esses exemplos comprovam que investir no setor produtivo é uma alternativa assertiva não somente para sairmos de uma crise, mas também para viabilizarmos estratégias e planos de desenvolvimento duradouros, que aumentem nossa competividade. Para isso, é necessário que os empresários se engajem neste processo.

O presidente da Suzano, Walter Schalka, foi muito feliz ao afirmar, em entrevista recente ao Estadão, que os empresários não podem ser omissos na política. Faço questão de reproduzir suas palavras porque mais do que isso, o setor produtivo precisa emprestar à política todo conhecimento e expertise para enfrentarmos os desafios de 2022 e dos anos que viverão.


Murilo Félix

Empresário, colunista e jornalista, escritor, produtor de plantas

Estudou administração pública e de empresas pela FGV

Ciência Política e Investimentos em Países Emergentes em Harvard, EUA

Administração Financeira e Marketing pela HEC Montréal, Canadá

Atualmente é Deputado Estadual pelo Estado de São Paulo

 

JORNAL A CIDADE 7 DE JANEIRO DE 2022