“A economia por si só é uma grande fonte de receitas” (Lúcio Aneu Séneca)
Embora a economia seja traduzida em gráficos e
estatísticas, seu papel social e político é bem mais determinante que a frieza
dos números. Vai além da montanha russa do mercado financeiro quando as
“bombas” políticas respingam imediatamente nos valores das ações, nos índices
das bolsas ou até na paralisação dos investimentos, trazendo consequências
drásticas.
Dentre diversas explicações, sem dúvida a principal é que o
setor produtivo é a locomotiva do nosso país. O governo não produz. É o
empresário que produz, gera impostos, empregos, renda e movimenta a economia.
Por isso, não pode ser tratado como coadjuvante na política. Temos que ter essa
compreensão muito clara como ponto de partida se quisermos pensar de fato em
alternativas para sairmos da crise em que estamos mergulhados.
Não há fórmula mágica. Se o governo não cortar na própria
carne, reduzindo a carga tributária e fazendo investimentos para subsidiar o
setor produtivo, não haverá outra estratégia sólida para sairmos da estagnação.
O resto é só populismo sem efeito contínuo, apenas usando os menos favorecidos
para marketing eleitoreiro.
Voltando ao foco propositivo deste artigo, no Estado de São
Paulo, o governo implantou o parcelamento de dívidas do ICMS para setores
impactados pela restrição de funcionamento e a isenção do tributo para alguns
segmentos. Mas é uma ação tímida, que deveria abranger mais setores.
A receita prevista para esse ano no Estado de São Paulo é
de R$ 286,7 bilhões - a maior da história paulista - e 17% acima do estimado
para 2021. Portanto, há recursos para ampliar o potencial do Desenvolve SP, que
é uma iniciativa louvável, mas com investimentos ainda pífios.
No Japão, vale lembrar, a alternativa para enfrentar os
impactos da Segunda Guerra Mundial foi através de bancos de desenvolvimento
fazendo empréstimos a juros baixos para empresários. Na Alemanha não foi
diferente.
Esses exemplos comprovam que investir no setor produtivo é
uma alternativa assertiva não somente para sairmos de uma crise, mas também
para viabilizarmos estratégias e planos de desenvolvimento duradouros, que
aumentem nossa competividade. Para isso, é necessário que os empresários se
engajem neste processo.
O presidente da Suzano, Walter Schalka, foi muito feliz ao
afirmar, em entrevista recente ao Estadão, que os empresários não podem ser
omissos na política. Faço questão de reproduzir suas palavras porque mais do
que isso, o setor produtivo precisa emprestar à política todo conhecimento e
expertise para enfrentarmos os desafios de 2022 e dos anos que viverão.
Murilo Félix
Empresário,
colunista e jornalista, escritor, produtor de plantas
Estudou
administração pública e de empresas pela FGV
Ciência Política
e Investimentos em Países Emergentes em Harvard, EUA
Administração
Financeira e Marketing pela HEC Montréal, Canadá
Atualmente é
Deputado Estadual pelo Estado de São Paulo