Pode durar alguns segundos para alguns ou mais tempo para outros. Pode ser tradicionalmente à meia-noite ou ao longo do dia. A verdade é que a maioria de nós se entrega ao clima de reflexão que o Natal inspira afinal, celebramos o nascimento de Jesus, o maior exemplo de humildade, amor e dedicação ao próximo.
Talvez vocês tenham estranhado o título deste artigo, que
não tem pretensão de analisar a atuação política do filho Deus em seus 33 anos
junto aos homens, combatendo injustiças e lutando pelos menos favorecidos, mas
sim emprestar seus ensinamentos para os dias de hoje. Isso também inclui
política, ainda que muitas pessoas, decepcionadas com razão, torçam o nariz
para esse tema.
Entre seus mais belos exemplos, ainda que mais de dois mil
anos nos separe, Jesus nos ensinou muito sobre uma palavra que aprecio:
empatia. E não é porque seu uso é uma tendência, mas porque realmente traduz o
que nos torna capazes de amar o outro: se colocar em seu lugar.
Humanos e repleto de falhas que somos, nem sempre, em
várias situações, somos capazes de amar instintivamente. Precisamos exercitar
esse sentimento e a maneira mais assertiva para conseguir amar alguém é se
colocando realmente em seu lugar, tentando pensar como alguém que viveu a sua
história, suas dores e cicatrizes. Só assim, compreendendo e entendendo a visão
do outro, conseguimos amá-lo. Por isso, dou tanta importância para a empatia,
que é o combustível para esse exercício.
E se usamos a empatia nas mais diversas relações, na
política, não deve ser diferente. Como um político vai desenvolver um projeto
sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) se ele é incapaz de se imaginar no
papel de uma mãe que acabou de receber o diagnóstico do filho ou de um pai que
precisa reduzir o trabalho para se dedicar aos cuidados dessa criança? Como
elaborar um projeto de incentivo fiscal sem se colocar no lugar do pequeno
empreendedor que quase fechou as portas? Como propor uma emenda parlamentar
para a saúde desconhecendo o drama de quem precisa fazer uma “via-sacra” para
ter acesso ao exame para detectar um câncer?
É sobre sentimento, é sobre aquilo que nos torna humanos,
como Jesus foi. Se na nossa vida íntima, familiar, profissional e em sociedade
devemos ter como referência as suas lições, na política não pode ser diferente.
Sem demagogia. Acredito na nova política e me sinto no dever de contribuir para
que se torne realidade. Caso contrário, se nos prendermos às teorias e ao senso
comum da reclamação, sem direcionar nossa indignação para algo construtivo, os
ensinamentos de uma data como essa durariam apenas um dia festivo como hoje,
quando na verdade são eternos.
Um Feliz Natal!
Murilo Félix
Empresário,
colunista e jornalista, escritor, produtor de plantas
Estudou
administração pública e de empresas pela FGV
Ciência Política
e Investimentos em Países Emergentes em Harvard, EUA
Administração
Financeira e Marketing pela HEC Montréal, Canadá
Atualmente é
Deputado Estadual pelo Estado de São Paulo
JORNAL CIDADE 25 DE DEZEMBRO DE 2021