Eu tratava com um produtor de plantas quando alguém, com quem ele falava, disse que a atribuição não era dele. Lembrei de uma situação em que a gerente de uma das nossas lojas pediu à recepcionista para que ela terminasse de passar o café que seria para os clientes. Ela também ouviu que aquilo não era com ela. Meu pai pediu que um chefe de serviço ajudasse em um vídeo promocional, foi acusado por desvio de função. Cada vez mais em todas as áreas da vida pessoas repetem essa frase: não é comigo. Cada vez mais, menos empatia. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro. Está em todo lugar. Não ter empatia, não consigo pensar em algo mais destrutivo. Mesmo que algo não seja nossa responsabilidade, jamais deixará de ser nossa obrigação se importar. Ao dizer “não é comigo” estou dizendo “não me importo”. Não se importar e querer que não dê certo dá no mesmo resultado. Jesus disse que quem não é por mim é contra mim. É preciso ser ativo, os passivos são contrários. Em uma sociedade, em uma empresa, em qualquer propósito, quem não ajuda, atrapalha. Isso não pode mais ser cultivado. Escolas e faculdades não podem mais achar que sua obrigação é só transmitir conhecimentos; é também formar pessoas.
Em uma equipe aquele que se limita, aquele que não se interessa, aquele que não se integra, aquele que não passa da sua obrigação, é uma pessoa perigosa. Por não contar com ela, o time enfraquece, por contar com ela e ela se limitar o time será derrotado. Desculpem a minha reflexão. Não aguento mais ver gente assim. Estão em todo lugar. Das empresas às famílias. Das igrejas ao judiciário. Faça aos outros o que quer que lhes façam. Ajude, participe, interesse-se na medida em que gostaria de que fizessem por você. Assustam as pessoas que não se levantam, que se comportam com desdém, até quando precisam da gente. O que está acontecendo? Talvez gerações que foram sendo criadas por pais que deram tudo, por um estado que pesa em tudo, por pessoas que não reagem a nada. É comigo. Não há nada que interessa a alguém do contexto onde vivo que deva me passar despercebido. Prefiro pessoas com sal, pessoas que se importam, gente quente ou fria, gente que se importa com gente. Seja na família, seja em uma loja de comércio, seja uma brincadeira de criança, tem valor aquele que vai além do seu próprio umbigo. Se está ao meu alcance, é comigo, sem que haja necessidade de uma lei que me obrigue a isso.