Ela deu à luz dia 02 de outubro de 2019, dentro de uma churrasqueira em uma chácara aqui em Limeira-SP. Nasceram 6. As pessoas que ali moravam nunca haviam visto essa gatinha antes, ela foi para lá procurando um lugar seguro, estava muito magra e com fome. A gente recebeu a ligação e já foi logo socorrer. A gata mãe foi apelidada de Barbe (em referência à palavra "barbecue", churrasco em inglês, já que deu à luz em uma churrasqueira).
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Três deles tiveram os cordões umbilicais emaranhados, causando grande dano ao umbigo: um dos filhotes perdeu muito sangue e faleceu, outro sofreu uma ruptura na barriga. Era muito grave. Meu irmão Maurício correu, levou todos à veterinária no sábado à noite. Entre eles, um tinha menos risco, o que necessitava era cuidado e atenção. A veterinária disse que seria difícil a sobrevivência do outro mais ferido. Mas quanto maior a dificuldade, mais a gente se apegou ao filhote que lutava para viver.
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Na noite seguinte, 5 horas da manhã, corremos à veterinária novamente, o outro estava sangrando, foi feita uma cirurgia de emergência para tentar costurar o umbigo dele. Demos antibiótico a ele; meu irmão passou duas noites dando leitinho próprio para filhotes de gato, durante o dia a gente se revezava. Ele não podia ficar junto com a mãe para ela não mexer em seus pontos. Ficávamos com ele dia e noite. A história se espalhou. Aquele filhotinho comoveu muitos amigos. A veterinária disse que era preciso sobreviver 4 dias. Que as chances eram de menos de 10%. Aquele filhote entrou em nossa família. A namorada de meu irmão, Cláudia, também agrônoma, já havia dito: esse é o nosso gatinho, ficará conosco. Os outros 4 filhotes mamavam na mãe que olhava triste a nossa luta pelo minúsculo mas combativo filhote. Quarto dia, todos felizes, ele vai sobreviver. As horas estão passando. Ele começou a ter sepsia. Chorava, e fazia a gente chorar. A respiração foi indo embora. Por algumas horas meu irmão ficou com ele nas mãos. Foi assim até o filhote parar de respirar. A gata, mãe, parece que sabia o que tinha acontecido. Ela ainda tinha 4 filhotes pra cuidar. Parecia que a história terminava ali. Não terminou.
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Tem coisas que acontecem na vida e fazem a gente acreditar em milagres e destinos. Em uma segunda-feira, um menino correu à Câmara Municipal, levou consigo três gatos filhotes que ele encontrou em uma caixa jogada no lixo, lacrada com fita, sem mãe. Estavam ali para morrer. Minha mãe é vereadora, não pensou duas vezes, levou os filhotes para casa. A gata que havia perdido 2 filhotes conheceu outros 3, estes sem mãe, abandonados. Na hora, ela os adotou. Perdemos dois filhotes pelos quais fizemos o que se podia fazer. Fomos presenteados com outras 3 vidas para cuidar. A gata mãe está bem fraquinha ainda, mas amamenta agora 7 filhotes que precisam muito dela. Em breve eles estarão para adoção, para alegrar outras famílias. Eles são animais, mas têm histórias como a gente. Histórias que fazem parte da gente.