Estou postando hoje. É verdade que deveria ter postado ontem, mas eu não tive tempo de escrever o que realmente estava no meu coração. Mesmo porque isso não é algo que se escreve em palavras jogadas, sem pensar. Eu escrevia, achava que não era suficiente para descrever o que sinto, então voltava a escrever do início. Fiquei pensando primeiro em qual foto colocar. Aqui está, meu pai e minha filha. Quer foto melhor pra esse momento? Não tem.
Meu pai, quando eu era pequeno, tinha a preocupação de que eu tivesse prazer no trabalho e na leitura. Lembro de quando eu e meu irmão competíamos para ver quem lia "Menino Maluquinho" mais rápido. E a coleção Vagalume, vocês já leram? Lembro de quando meu pai me deu o primeiro: "A Ilha Perdida". Toda semana eu ganhava um gibi, Turma da Mônica. Vocês já leram tenho certeza, mas eu lia para tentar entender como meu pai entendia as coisas. Aliás, sempre fui assim, querendo ser um pouco do que ele sempre foi pra mim. Lembro ainda de quando eu ia na empresa tirar matinho das plantas, ou colocar terra nos saquinhos. Quando morei no Jd. Florença lá atrás, há muito tempo, ficava eu no feriado andando rua por rua pegando sementes de Pau-Brasil para meu pai e meu avô plantar.
Quando ele chegava à noite, porque chegava bem de noite, sempre trabalhando, em reuniões, sempre preocupado com a nossa empresa e com a cidade. Ele se preocupava com os problemas dos outros, eu percebia. Foi com ele que aprendi o significado da palavra "empatia", isso falta nas pessoas de hoje, isso meu pai sempre teve de sobra. Agora nasceu a Luísa. Durante os meses em que a Lu estava grávida, eu ficava pensando, que pai eu devo ser? De tanto pensar, cheguei a conclusão de que a melhor solução é ser como meu pai foi comigo. Todo dia eu penso: como ele faria isso? Como ele faria aquilo? Ele sempre com poucas palavras, depois percebi que ser assim é porque ele respeita as palavras e as pessoas. Ele não fala por falar, tudo o que ele fala é pensado, é em respeito a quem está ouvindo.
Eu sempre fui seguindo ele, ouvindo, aprendendo, as vezes errando, mas sempre tentando acertar. E de suas lições, a mais importante: hoje vejo que ele estava me ensinando como ser um pai de verdade. Assim espero ser com a Luísa. Obrigado pai.
Murilo Felix
Administração de Empresas pela FGV-SP
Administração de Empresas pela FGV-SP
Ciência Política e Investimentos em Países Emergentes na Harvard, EUA
Administração Financeira e Marketing pela HEC Montréal, Canadá
Empresário e produtor de Plantas em Limeira e região.
Sílvio Felix e Luísa Felix |