segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

EMPREGO ESTÁ MUDANDO. PATRÕES E EMPREGADOS TAMBÉM

Tenho ouvido  pessoas falarem da dificuldade em achar emprego. Por outro lado, ouço empresários dizendo que está difícil encontrar mão de obra. É um paradigma. Os dois estão certos. 

Na verdade as profissões mudaram, a população cresce menos, a adaptação das pessoas exige mais comprometimento. É necessário conhecimento? Sim, mas mais ainda a adaptação à velocidade da concorrência, à necessidade de produtividade. Da parte da empresa, investimento em treinamento e condições de desempenho e constante aprendizado. Antes o comércio era apenas por meio da loja física. O vendedor esperava o cliente entrar e em pouco tempo estava feito o atendimento. Hoje o relacionamento é mais direto, cada um tem que ter sua carteira de clientes pelo WhatsApp, Facebook ou Instagram. E como será no futuro? Mais eficiência será necessária. 

Patrão busca eficiência, comprometimento. Empregado busca bom ambiente de trabalho, salário que pague suas contas. 

É preciso apresentar um ao outro. Arrumar um funcionário é uma coisa, estabelecer uma relação produtiva e de eficiência é outra. É fundamental que haja preparação das pessoas e a compreensão de que a empregabilidade está relacionada ao que o mercado precisa, e que este mercado não é como antes e está mergulhado em uma dinâmica sem fim.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

sábado, 3 de junho de 2023

PREFEITURA RECEBE MAIS DE R$ 10 MILHÕES DE REPASSE DE ICMS

 


Este recurso deveria ser usado para duas finalidades: banco do microcrédito (Lei n° 4741/11) e repassar o ICMS para grandes empresas que investem em Limeira (Lei n° 4.642/10).

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

BRASIL-PORTUGAL: AMIGOS, AMIGOS, NEGÓCIOS À PARTE

* Murilo Félix

É salutar que Portugal se associe às comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, a ponto de mandar seu presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa para os festejos do 7 de Setembro em Brasília. Já em 1972, por ocasião do sesquicentenário, foi pródigo em despachar os restos mortais de dom Pedro I e de dona Leopoldina, devidamente alojados no museu que celebra o Grito do Ipiranga em São Paulo, assim como agora emprestou para exibição o coração do príncipe que proclamou a autonomia brasileira.
Em artigo na Folha de S. Paulo (8/7), o primeiro-ministro Antônio Costa ressaltou os laços sentimentais que unem os dois países: “Ao mesmo tempo, houve também a noção de que a relação bilateral entre Portugal e o Brasil, que é umbilical, deve ser constantemente atualizada para que faça sentido para ambos os lados e sirva a interesses mútuos. Ora, esta efeméride permite-nos falar do passado e alicerçar as bases futuras de forma descomplexada.”
A separação não foi, no entanto, nem amigável nem pacífica nem barata. Em 1822, houve resistência dos portugueses, travando-se uma guerra sangrenta. A seguir, sobreveio outra batalha, a do reconhecimento do novo império. Lisboa recusou-se a discutir o assunto durante três anos, até que em 1825 dom João VI nomeou o hábil diplomata inglês Charles Stuart para vir ao Brasil negociar o reconhecimento que também interessava à Inglaterra.
De imediato, dom Pedro antipatizou com Stuart, mas formou uma comissão de negociadores integrada pelo ministro Luís José de Carvalho e Melo e os conselheiros de Estado Francisco Vilela Barbosa e o barão de Santo Amaro, mas informalmente dela participavam o marquês de Barbacena e a imperatriz Leopoldina atuando como tradutora, e, nos bastidores, a amante marquesa de Santos, no seu papel de influenciadora do imperador. Chamou atenção, aliás, que antes de se encontrar com a imperatriz, Stuart visitou a marquesa e, ao final das negociações, afirmou que coube “à influência da Senhora Domitila de Castro a remoção de um obstáculo que teria feito malograr toda a negociação.”
Domitila convenceu dom Pedro a aceitar um parecer de Barbacena que contrariava o que outros negociadores brasileiros haviam escrito em seu rascunho do tratado, dando conta de que ele se tornara imperador "por graça de Deus e unânime aclamação dos povos". Stuart achava que tal menção à participação popular não agradava a Portugal, e ao final ficou a redação "segundo a Constituição do Estado”.
Dom João Vi fez questão de inscrever no tratado que concedera "de sua livre vontade, a soberania do dito império [do Brasil] ao mesmo seu filho, e legítimos sucessores, e tomando somente, e reservando para a sua pessoa o mesmo título" – ou seja, não fora uma iniciativa nacionalista seguida de uma guerra clássica de emancipação., omitindo-se que dom Pedro nem quis tomar conhecimento de várias propostas do pai para que houvesse umas reunião das duas coroas e ele administrasse o Brasil com alguma autonomia.
Tamanho atentado aos fatos seria desprezível se comparado a outras cláusulas mais abusivas, a começar de uma indenização de dois milhões de libras esterlinas disfarçada na forma de pagamento de um empréstimo que Portugal devia à Inglaterra. O embaixador Stuart, aliás, apesar de nomeado por dom João, fora indicado por aquele país para defender os interesses ingleses, o que resultou em condições muito vantajosas para Londres.
Os produtos ingleses, que já constituíam os principais itens do comércio exterior do Brasil, pagariam uma alíquota de importação de apenas 15%, enquanto os dos demais países seriam taxados em 25%. Não menos importante foi a imposição de o Brasil abolir o tráfico negreiro dentro de quatro anos – medida que só seria efetivada muito tempo depois. Dom Pedro tinha escravos cativos em suas propriedades, mas era a favor da abolição da escravatura, e certamente assinou de bom grado essa proposta, mas ela lhe custaria a oposição da elite de comerciantes e proprietários que baseavam a estrutura econômica do país no trabalho dos negros cativos.
Se outros países, como Argentina, França e Estados Unidos já haviam reconhecido a nossa independência, o tratado com Portugal (e a Inglaterra...) foi essencial para que o Brasil ingressasse soberano no concerto das nações.

*Deputado Estadual

IMPOSTOS DE (E PARA) SÃO PAULO

* Murilo Félix

A campanha lançada pelo governador Rodrigo Garcia para aumentar a parcela de impostos aqui recolhidos que a União devolve ao Estado de São Paulo tem antecedentes históricos e já figurou nos debates pela Proclamação da República. O empresariado que surgiu do dinâmico e lucrativo ciclo do café na segunda metade do século XIX almejava um país mais moderno, baseado no trabalho livre e em um pacto federativo mais justo, reivindicando uma reforma tributária.
Os republicanos paulistas já no século XIX se queixavam da mesma forma que o atual governo dos bandeirantes. Nos cálculos do governador Garcia, São Paulo arrecada impostos federais (IOF, II, IPI, IRPF, IRPJ, Cofins, PIS / Pasep, CSLL, INSS) e remete para Brasília nada menos que R$ 720 bilhões e recebe de volta apenas R$ 46 bilhões, "15 vezes menos do que a gente manda".
Considere-se que o bolo dos impostos federais não é repartido de forma proporcional à população dos estados. São Paulo, o mais populoso, com 47 milhões de habitantes, ou 22% dos brasileiros, recebe 15% do que remete. Já o Maranhão, com 7,1 milhões de habitantes (3,2% do total), envia R$ 6,6 bilhões e recebe o triplo de volta: R$ 21,4 bilhões. O Tocantins, com 1,6 milhão de moradores (0,7%), aufere muito mais: manda R$ 1,8 bilhão e embolsa R$ 8,1 bilhões.
Por certo, essa divisão tão disparatada é baseada na fórmula Robin Hood, de tirar dos ricos para dar aos pobres. No entanto, a reclamação do governo paulista faz sentido, por serem os números muito desproporcionais – e São Paulo recebe muitos migrantes dos demais estados e carece de obras investimentos não cobertos por seu orçamento de R$ 286 bilhões, engordado principalmente pelo ICMS.
A reivindicação repete, 135 anos depois, a queixa de delegados ao congresso de 1887 do Partido Republicano Paulista, fundado principalmente pelos fazendeiros do café que forjavam o mais próspero ciclo econômico da História do Brasil e seria uma forçai decisiva para a extinção da Monarquia. Na liderança desse movimento, destacou-se Manual Ferraz de Campos Salles, que iria ser presidente (governador) de São Paulo de 1896 a 1897 e depois o quarto presidente do Brasil (1898-1902), mas antes disso foi ministro da Justiça do governo provisório de Deodoro da Fonseca e um entusiasmado apoiador do marechal Floriano Peixoto na guerra de consolidação da República.
 Naquele congresso de 1887 do Partido Republicano reclamava-se da ínfima representação política nos governos monárquicos e da injustiça tributária. Enriquecendo com a lavoura cafeeira, São Paulo pagava impostos pesados e contribuía com a sexta parte da renda total que as províncias forneciam ao Império. Segundo anotação do professor Marcello Otávio N. de Basile, em História geral do Brasil, os paulistas remetiam 20 mil contos de réis e recebiam de volta apenas 3 mil contos – ou seja, 15% do total enviado.
Republicanos mais exaltados até cogitavam da separação, como, também por disputa de impostos, iria fazer o Rio Grande do Sul em 1836, ao proclamar a República de Piratini, só regressando ao seio do Império em 1845 ao fim de uma sangrenta guerra civil.
Felizmente, prevaleceu o bom senso, e São Paulo permaneceu como parte e locomotiva dessa nação fraterna e solidária que é o Brasil.  Quanto à questão dos impostos, é caso de sentar, discutir um novo perfil tributário e fazer um acerto de contas.

 * Deputado Estadual