O “Fatos e Versões” desse domingo entrevistou Natalino Gonçalo, ex-diretor do SENAI em Limeira. Em pauta, a situação da indústria, do comércio e a perspectiva dos jovens que procuram o mercado de trabalho.
Título: “A Indústria E O Comércio Precisam Andar De Mãos Dadas, E Falta Conhecimento Aos Governantes”
Vivemos um momento difícil para a economia, difícil para o comércio, difícil para a indústria e todas as atividades econômicas. O “Fatos e Versões” entrevistou o Prof. José Natalino da Silva Gonçalo, natural de Limeira – S.P., Professor de estudos sociais , Bacharel em Pedagogia, com especialização em Psicopedagogia e Administração Escolar, tendo trabalhado 37 anos no SENAI S.P., dirigindo nos últimos 20 anos o SENAI de LIMEIRA e o da cidade de Araras. Na ALIE (ISCA Faculdades e Colégio Acadêmico) foi Presidente do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva por 8 anos.
1. O senhor foi diretor do SENAI, uma instituição que formou homens e mulheres para atuar nas indústrias da cidade. O SENAI hoje tem grande importância para cidade?
R: Muita importância. Todas as cidades que tem uma Unidade do SENAI, tem um celeiro de profissionais para o desenvolvimento dos mais diversos produtos industriais, desde máquinas mais simples até as mais complexas e oferecendo vasta gama de cursos e treinamentos. Portanto, é a instituição responsável pela a geração de mão de obra qualificada e especializada, para o Brasil todo e com reconhecimento internacional. Limeira hoje é detentora de muitos empresários industriais que tiveram suas origens em uma unidade do SENAI, sendo sumamente importante para o nosso desenvolvimento tecnológico, sócio-econômico e cultural.
2 .Como foi sua história no SENAI?
R: Concursado em 1964 iniciei minhas atividades no SENAI de Vila Mariana S.P., tendo crescimento profissional por intermédio de intensos treinamentos, inclusive no exterior. Contribuímos com nossa experiência nas unidades de Santo André, São Paulo, São Bernardo do Campo, Araçatuba e Limeira.
3 . O Senhor costuma encontrar chefes de família que foram alunos em sua época?
R: Sim, são centenas deles, afinal são mais de 100.000 certificações expedidas neste eixo da Anhanguera, Limeira, Pirassununga. Sempre é muito gratificante reencontrá-los, principalmente em Limeira, minha terra natal, onde todos são sempre muito atenciosos, conversam sobre suas profissões e conquistas, trocando idéias. No mundo atual, às vezes até selfies acontecem para registros destes momentos de felicidade pelo encontro de verdadeiros amigos. Sempre boas lembranças de vitórias e metas alcançadas. É comum encontrarmos ex-alunos empreendedores e empresários atuando com brilhantismo em vários segmentos de nossa sociedade.
4. Como é este sentimento?
R: Sentimento de Gratidão e de ter colocado a serviço da humanidade o melhor que consegui de mim mesmo, mas sempre contando com a assessoria de uma brilhante e competente equipe de trabalho.
5. Daquela época para os dias de hoje, o senhor vê diferença nas perspectivas dos jovens?
R: A mudança é permanente e a única certeza de que o ser humano tem é que tudo mudará! Os jovens de hoje, apesar de muito mais acesso à informação, vêm encontrando dificuldades para definir suas opções profissionais e outras afins, pois muitos empregos sonhados foram extintos e surgiram novas oportunidades com novas exigências, principalmente no mundo tecnológico.
6. Tempos de pandemia. Com sua experiência, o que dizer aos jovens que estão se preparando para o mercado de trabalho?
R: Não poderemos parar com tanta vida necessitando de tantas coisas para sobreviver, mas devemos sim, continuar se especializando e buscando alternativas, pois quando a tempestade passar, quem conseguiu dar alguns passos à frente, jamais será alcançado; o sucesso será conseqüência deste esforço hercúleo, exercitado neste momento de guerra e combate a este terrível mal. Isolamento entendo que é para os grupos de riscos, adoentados e aos portadores do coronavírus.
7. A conta que não fecha. Como o Senhor vê a situação da indústria com o comércio com suas atividades restritas?
R: Vejo a falta de habilidade, conhecimento, atitude e sensibilidade dos nossos governantes, ou outros interesses que desconhecemos, não conseguindo fazer com que o corpo Brasil mantivesse seu coração pulsando, funcionando e recebendo o tratamento adequado para que a indústria, comércio e saúde funcionassem harmonicamente, isolando somente a parte que precisa ser isolada, proporcionando um equilíbrio entre todos com segurança e saneamento das demais situações de saúde envolvendo o povo brasileiro. Quem fabrica precisa vender e quem vende é o comércio, pois ambos tem que andar de mãos dadas para que não falte alimentos, transporte, insumos e assim por diante.
8. E para o empregador o que diria?
R: Não tenho palavras para nortear pessoas empreendedoras e criativas como o Empresário brasileiro neste momento tão crucial da vida deste maravilhoso país. Neles vejo autênticos bandeirantes da atualidade, alargando fronteiras via exportação e grandes heróis da economia do nosso país, passando por mais este sacrifício. Por que será que os nossos administradores públicos exigem tantas contribuições de quem produz, sem apresentar uma contra partida digna dos nossos aplausos?
9. E quanto aos governadores o senhor não acha que estão “batendo cabeça” como se diz popularmente?
R: Não vejo eles “batendo cabeça”, vejo eles defendendo os interesses mais escusos, cujos discursos demonstram que na prática a teoria é outra, fazendo da pandemia seus palanques eleitorais.
10. O que esperar das pessoas e dos negócios quando tudo voltar ao normal?
R: Sabemos que tudo isto vai passar, possivelmente será um longo período de adaptação à nova realidade, grande parte das pessoas estarão emocionalmente abaladas e outras debilitadas, fazendo com que o processo de retomada se torne ainda mais desafiador. Mas, como brasileiro, verde, amarelo, azul anil e branco, conclamo todos para que irmanados acreditemos na busca por dias melhores, torcendo para reinar um clima de paz e compreensão, vislumbrando novos horizontes compatíveis com a competência arrojada, a resiliência e a alegria deste povo do nosso amado Brasil.