domingo, 12 de janeiro de 2020

OLHO POR OLHO E O MUNDO FICARÁ CEGO


Em março de 2018, um estudante de Administração da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo foi suspenso por três meses após ser denunciado por racismo; ele havia enviado uma mensagem para amigos no WhatsApp sobre outro aluno negro que ele tinha visto: "Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!" O aluno que foi ofendido ficou sabendo da mensagem, prestou queixa na polícia e levou a situação aos gestores da instituição. Em outros casos, pessoas têm se pronunciado abertamente contra diversos outros assuntos, como homossexualidade, outros se dizem de extrema direita ou esquerda, a favor do aborto, a favor do militarismo. O que temos hoje são causas, nem sempre tão louváveis. A verdade é que as pessoas mais do que nunca parecem ser sabedoras da verdade absoluta, quando na verdade estão cada dia mais, ignorantes.

As redes sociais, na proporção em que nos traz o maior número de informações e relacionamentos possíveis, também permitem que pessoas se expressem sem regra ou pudor. Para que insultar um negro? A verdade é que a sensação de superioridade que cada um de nós temos, faz-nos menor em relação aos outros. Pior do que isso, discursos de ódio fazem parte do cotidiano, não se importa mais a verdade, mas a aparência. Não se importa mais a sociedade, mas o eu. Que resposta este aluno deveria dar a quem o ofendeu? Para muitos, a vingança. Ele seguiu diferente, mas é exceção. O que estamos vendo hoje em dia é que cada vez mais estamos no caminho do olho por olho, dente por dente, princípio jurídico da Mesopotâmia antiga, a lei de talião.

A sociedade avançou, mas o homem continua a cometer os mesmos erros de antes. Vivemos em frente, sem observar os erros que cometemos no passado.


Murilo Felix
murilofelix@gvmail.br

Administrador de Empresas pela FGV-SP
Ciência Política e Investimentos em Países Emergentes, Harvard, EUA
Administração Financeira e Marketing pela HEC Montréal, Canadá


"Operários". Tarsila do Amaral, 1933.


"A Redenção de Cam". Modesto Brocos, 1895.