sábado, 21 de dezembro de 2019

SOBRE A CRUELDADE NAS RINHAS DE ANIMAIS



Existem momentos em que surgem assuntos que comovem e chocam a todos. Peço licença, então, para falar sobre um desses episódios. Essa conversa de um local onde pessoas criavam animais para rinha, para que lutassem entre eles, exploravam isso e tratavam a crueldade contra animais como uma coisa banal, isso chocou o Brasil inteiro. Apesar de muitas pessoas criticarem e dizerem que a gente tem que se preocupar com assuntos relativos ao ser humano, eu diria que todo mundo está preocupado, sim, com a educação, com a saúde, com o emprego, segurança, e uma série de coisas. Mas isso tudo é da natureza do ser humano, assim como se indignar com situações como esta.

Se indignar com a crueldade. As pessoas que viram pela televisão, gente que talvez nunca tenha se preocupado com o bem-estar animal, se indignou. Isto nos dá um alento, mas também deve servir para a gente resgatar tudo o que já se faz no Brasil. Também a pouca atenção que se dá aos ativistas, aos protetores e protetoras de animais, as ONGs, as iniciativas legais para que o Brasil mude. Eu sou autor, junto com outras pessoas, de um Estatuto de Proteção Animal. Proposta esta que contou com um vereador da cidade de São Carlos, Dimitri, com a assinatura da Deputada Renata Abreu, e que tramita na Câmara Federal. O que precisará ainda acontecer para que os brasileiros percebam que é preciso uma lei específica, uma lei especial, um código, um estatuto? Não adianta ficar fazendo leis esparsas, corrigindo aqui e ali.

Se não se enfrentar essa situação da proteção dos animais como outros grandes assuntos brasileiros, será como considerarmos esse assunto como um assunto acessório, menos importante. Mas já falamos que ele não é menos importante, porque choca a todos a crueldade e maus tratos que se submetem animais por todo o Brasil. Ele é um dos assuntos mais importantes, assim como existe o Estatuto da Criança e do Adolescente, Código do Consumidor, Código Militar, Código Brasileiro de Trânsito, Consolidação das Leis do Trabalho, Estatuto do Idoso, dentre outros, tem que se ter um Estatuto de Proteção Animal. Qualquer coisa que a gente pense fora disso é remendo. E não dá para esperar que o país seja grande com assuntos importantes como este sendo tratados como remendo. A Câmara Federal propôs uma lei porque a rinha chocou a todos, mas aquele cachorro espancado no Carrefour também chocou a todos. Me surpreende alguma empresa fazer experiência em animais, choca a todos, e aí mais uma lei é feita. Não é assim que vamos resolver. É preciso tratar isso de frente, como adultos, como um país grande. Passou da hora de termos um código, passou da hora de termos um Estatuto de Proteção Animal, o qual vai abranger, não só a crueldade, mas as condições de socorro aos animais, as condições de castração de controle populacional, os deveres do poder público, a conscientização já nas escolas, junto às crianças, de que animal não é coisa, não é um objeto.

Até quando a gente vai ver pessoas que amarram bombinhas em animais? Até quando a gente vai ver um desrespeito total com animais, como quando cavalos são submetidos a esforços cruéis, circos usando animais, animais enjaulados, tráficos de animais silvestres? Enfim, são muitos assuntos para a gente ficar respondendo cada vez que tem uma notícia na imprensa. Vamos falar isso de uma vez por todas, vamos prevenir, vamos falar antes. Apoiem o Estatuto de Proteção Animal. Quando eu escrevi o estatuto, previ não apenas as situações como essas, pois essas são consequências, são efeitos da ausência na mente do povo brasileiro.