sábado, 17 de fevereiro de 2018

AS ARAUCÁRIAS QUE IDENTIFICAM SÃO CARLOS


A araucária é a árvore símbolo de São Carlos. Está na bandeira. Representa o inicio, a natureza, o ecossistema, mas também é história, cultura e valor. Sendo isso é nosso dever sua preservação. Especialistas dizem que ela está em extinção no município. De acordo com uma análise feita pela USP em 2012, a cada 10 mudas de araucárias plantadas em São Carlos, apenas quatro sobrevivem. Entre os fatores causadores está o aquecimento global, visto que ela é uma árvore de clima temperado, mas também somos culpados. Durante anos houve a exploração da madeira sem controle ambiental, em total desrespeito à legislação de proteção à espécie (aprovada em 2002 em São Carlos), incluindo corte e colheita do pinhão fora de época. Para acrescentar, com a expansão da cidade entre 1930 a 1990, araucárias perderam espaço para casas e asfalto.

Ela possui um ciclo lento. Para atingir a vida adulta demora entre 15 a 20 anos, só após dez anos depois de plantada que passa a produzir os pinhões. Foram milhares de anos para que ela pudesse se expandir pelo território de São Carlos. Mas apenas algumas décadas para reduzi-la à quase extinção. Dizia Winston Churchill: “Construir pode ser a tarefa lenta e difícil de anos. Destruir pode ser o ato impulsivo de um único dia”. Estava certo. Por vários anos demos pouco valor àquilo que afirma a nossa bandeira. Pode ser que o tenhamos feito com o argumento de garantir a nossa sobrevivência, afinal, as cidades precisam crescer. Mas a verdade é que a natureza é quem luta para sobreviver e garantir à nós a sobrevivência. Somos mais dependentes dela, do que ela de nós.

Um planejamento ambiental realizado em São Carlos em 1996 com base nas áreas públicas e áreas verdes, de autoria da universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), já nos alertava da baixa frequência das araucárias nas áreas urbanizadas da cidade. Mas a natureza não faz nada vão, a cada dia mais a cidade fica mais quente. Parece que está nos avisando do que estamos fazendo. Dizia Aristóteles, “em todas as coisas da natureza existe algo de maravilhoso”. A araucária foi maravilhosa por representar a fundação da nossa cidade, nossos valores, nossos lemas, aquilo que carregamos como fruto fundamental que nos mantém unidos como um só. Isso está em extinção, mas ainda há tempo. O que devemos fazer é dar importância às araucárias, à nossa tradição, e conciliar urbano com o, esperamos eterno, verde dos pinhais. Criei um projeto de recuperação das Araucárias em São Carlos. Estou doando 500 mudas dessa árvore às associações, escolas e entidades ou pessoas que cuidem de áreas verdes. Tenho o apoio do jornal 1ª Página. Peço a ajuda para definir locais de plantio e recebo pedidos de DOAÇÃO pelo e-mail ou pela página no Facebook SOS ARAUCÁRIA SÃO CARLOS. Vamos deixar para nossos filhos a melhor paisagem de São Carlos que pudermos.


Murilo Félix

Administrador de Empresas pela FGV-SP
Ciência Política e Investimentos em Países Emergentes na Harvard, EUA
Administração Financeira e Marketing pela HEC Montréal, Canadá
Empresário e produtor de Plantas em São Carlos

murilofelix@gvmail.br



quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A VALIDADE DAS PROMESSAS

No seriado da Netflix, House of Cards, o protagonista Frank Underwood responde à personagem Linda, Secretária Geral do Presidente da República: “A natureza das promessas, Linda, é que elas se mantêm imunes a mudanças de circunstâncias”. Promessas são feitas para serem cumpridas, não há tempo que tire sua força. Ou deveria ser assim. Uma promessa não vai se resolver sozinha, a gente precisa se esforçar, e muito, para cumpri-la. Se a gente promete para alguém que irá chegar ao compromisso em 30 minutos, e chegamos em uma hora, esse fracasso é nosso apenas. Não se tem justificativa para isso. Não tivemos a decência mínima de respeitar uma promessa.

Nossas promessas precisam ter validade. Não precisam de algo escrito ou falado, apenas um aperto de mão, um beijo, uma confiança. Muito se fala sem o uso de palavras. Um gesto basta. A gente sente as palavras de quem a gente gosta sem ouvi-las. O que devemos é respeita-las. Todos nós já descumprimos promessas. Isso é do ser humano. Pessoas mudam, e promessas são quebradas. Mas passado é passado. Temos que reconhecer o momento daqui em diante, das promessas prometidas que deverão ser cumpridas. “A vida não é feita só de lembranças. Ela continua emocionante nas promessas diárias, nos pequenos gestos que fazem a alegria dos que caminham sempre juntos”.


Renato Russo dizia “quero honras e promessas, lembranças e histórias”. Todos somos assim. É a relação com outras pessoas que nos trazem felicidade. E a fidelidade é uma delas. E para que possamos ter promessas cumpridas, precisamos primeiro cumprir com as nossas. Por isso, não faça mais promessas que não poderá cumprir, seja realista. Ninguém é obrigado a seguir o caminho que todos dizem, se casar e ter filhos antes dos 30. Ninguém é obrigado a seguir o que a sociedade define como correto, mas devemos ser sensatos, escolher os caminhos corretos e fazer promessas que poderão ser cumpridas.

Murilo Félix

Administrador de Empresas pela FGV-SP
Ciência Política e Investimentos em Países Emergentes na Harvard, EUA
Administração Financeira e Marketing pela HEC Montréal, Canadá
Empresário e produtor de Plantas em São Carlos

murilofelix@gvmail.br