terça-feira, 28 de junho de 2016

O QUE O AUTISTA PRECISA

Antes de responder ao título é preciso dizer o que é o autismo, quais são seus possíveis tratamentos e a quem cabe a responsabilidade. Inicialmente se fôssemos usar uma única palavra para o autismo, ela seria respeito.

O autismo é um transtorno neurológico em diversos graus e aparece pela primeira vez durante a infância ou adolescência. A pergunta que se faz quando se descobre que seu filho foi diagnosticado com autismo é o que fazer? Onde e como fazer o tratamento? O que sabemos é que quanto antes começar o tratamento, melhor.

O tratamento é obrigação do Estado, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) garante o direito à educação regular e tratamento médico às crianças e adolescentes especiais, tanto que em 2011, na parte da saúde, o Ministério da Saúde instituiu, por meio da Portaria nº 3.088/2011, o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Só que o CAPS não tem condições de atender as condições próprias do autismo, que é múltiplo e complexo, não pode acontecer junto a esquizofrênicos e dependentes químicos. O CAPS funciona como um ambulatório, dá atendimento médico a surtos e faz diagnósticos, trata a saúde. Para o autista é preciso também um tratamento educacional e psicossocial. Todo ser humano, inclusive os especiais, não precisa só de saúde, mas de convivência social e educação.

No governo Félix foi ampliado o CEMA (Centro de Especialização Municipal do Autista), com recursos do SUS, que fazia um tratamento contínuo educacional e psicossocial; metodologia TEACCH, com rotinas organizadas e previsíveis. Hoje o CEMA ainda não atende toda a demanda da cidade e não recebe a atenção que precisa. Os funcionários não recebem hora extra e, assim como os pais, estão desmotivados; pacientes especiais não recebem tratamento adequado. O CEMA precisa de investimento, as acomodações não atendem mais; o autista tem que ter inclusão, como faz a APAE e ARIL em outros casos.

Nesse governo as terapias não estão sendo aplicadas. Falta profissionais, as monitoras tem banco de horas e não estão indo. A Prefeitura tem que pagar hora extra. A identificação da pessoa, o estimulador pedagogo, é muito importante. Para o autista tudo tem que ser previsível, a rotina é essencial e a falta do funcionário causa um transtorno imenso para essa criança. A Prefeitura prefere causar um transtorno imenso ao autista para economizar alguns reais, semelhante ao que fez nas creches: economizaram alguns reais não pagando as horas extras das monitoras e causaram um prejuízo imenso aos pais. A infraestrutura do CEMA está precária, estão fazendo tratamentos na garagem, não há material, não há fonoaudiólogo, acompanhamentos psicológicos. O CEMA tem que funcionar.

Limeira precisa de uma escola que tenha um sistema que integre diversos profissionais, inclusive da saúde, que faça a interação de especialistas no tratamento e educação desses autistas, a "Clínica Escola", que tenha como principais objetivos:
  • Ajudar as famílias a compreenderem e lidarem com o autismo;
  • Dar aprendizado e capacidade ao autista para solucionar problemas;
  • Diminuir os comportamentos que atrapalham o aprendizado;
  • Inclusão social e experiências do cotidiano, desenvolvimento social e comunicação;
  • Reduzir riscos no desenvolvimento psíquico das crianças;
  • Acompanhamento médico.
Tem que garantir acesso à educação especializada para autistas sem limite de nível de instrução ou limite de idade. Os professores devem ser treinados para educar autistas, com o acompanhamento especializado, como de fonoaudiólogos, psicólogos, psiquiatras, pedagogos, neuropediatra, nutricionistas, fisioterapeutas. Entre as práticas do Clínica Escola estão a equoterapia, a natação, o cinema para autistas, a fisioterapia, acompanhamento alimentar, a terapia ocupacional, terapias comportamentais (como a ABA - Applied Behavior Analysis - e a TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children), e para aqueles que não conseguem falar a terapia PECS (Picture Exchange Communication System). É disso que o autista precisa.

Informações sobre as diretrizes do Ministério da Saúde: Cartilha do Ministério da Saúde no Tratamento ao Autismo




Fita de quebra-cabeça colorido, símbolo mundial da conscientização do autismo